- Estás muito charmoso, hoje…
- Oh… obrigado, obrigado… a sério?
- Claro que é a sério… sabes que nunca te minto…
- Verdade… e tu também sabes que eu aprecio imenso a tua franqueza, sempre… diz-me… e que tal se eu colocasse um pouco mais de brilho, aqui?
- Hum… não sei… talvez seja demais…
- Demais… sim, deves ter razão… e se limpar estes brilhantes? Realça-me os olhos?
- Os teus olhos são lindos… não precisam de ser realçados…
- Adoro quando dizes isso… deixa-me limpar-te um pouco, estás a ficar baço…
- Pompeu?... Pompeu?
O pavão Pompeu acabou de alisar as penas, o bico ainda salpicado de brilhantes.
- Sim, Pompilia, minha querida… estou aqui…
- Estava a ouvir a tua voz… estás falando com alguém?
Pompilia, a pavoa, assomou à porta.
- Não, minha querida… estava só eu… aqui sozinho, defronte do espelho… tratando de uns pormenores, nada mais…
( Silêncio )
- Pompeu?
- Sim, Pompilia?
- Tu não estavas… de novo… a falar com o espelho, pois não?
- Oh, Pompilia, claro que não… como pudeste pensar uma coisa dessas?
- Sei lá… tive um pressentimento…. Afinal de contas… és um pavão…
Gostei do pequeno episódio deste Pavão, fez-me lembrar que ele sofre da "lenda de Narciso" da Antiguidade, que ao apaixonar-se pela própria imagem reflectida nas águas de um rio, caiu e afogou-se. Que o Pompeu se fique pelo espelho!
ResponderEliminarAinda a título de curiosidade e com um exemplo mais real, tenho uma familiar juvenil que teria uma irmã gémea (morreu de parto e ela não sabe porque a familia optou por não contar), tudo parecia normal até que ela já foi vista várias vezes ao espelho conversando com a própria imagem. Eu explicaria que a necessidade de se ver reflectida talvez por reminiscência da irmã perdida á nascença lhe dÊ o impulso de falar consigo mesma!!!
Abraço ^^