domingo, 22 de maio de 2011

Uma pequena história...



Poderiam ser Caim e Abel.

Mas não o eram, apesar de igualmente nascidos no paraíso.

E tal como as míticas figuras dos tempos da Criação… também um deles pôs fim à vida do irmão, talvez cego de ciúme, vaidade, luxúria, ninguém o saberá jamais.

Irmãos gémeos, reluzentes, belos.

Malmequer… e Bem-me-quer.

A história preferiu esquecer o sórdido destino de Bem-me-quer. Nunca será contado nos bancos de escola que Malmequer, num belo dia de primavera, arrancou as pétalas - uma a uma - ao irmão e o deixou indefeso ao sol, para secar até morrer. Quando muito, restará o nome – Malmequer – invocando um sentir maléfico de que ninguém mais recordará a origem.

Mas a história, na sua imprevisível roleta, ditou que fosse o irmão sobrevivente a expiar por toda a eternidade a morte do desditoso Bem-me-quer.

E é assim que todos os dias, desde um passado longínquo… alguém colhe um malmequer e mesmo sem saber… evoca o nome do irmão morto, vítima do ciúme daquele que agora, sem saber, morre da mesma forma, vendo ser-lhe arrancadas com dor – uma a uma – todas as pétalas… e depois abandonado para secar… e morrer.

Malmequer…Bem-me-quer…Malmequer…Bem-me-quer…Malmequer…


13 comentários:

  1. Lindo,Rolando!Smpre boas inspirações! Que teu domingo seja muito bom! abraços,chica

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  2. Depois de ler a tua história vou pensar duas vezes antes de fazer mal-me-quer, bem-me-quer...

    Beijinhos

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  3. Fabulosa história em volta deste hábito enraizado de tirar as pétalas aos malmequeres!! Lindíssima a história. Parabéns. Gostei muito. Beijinho e bom fim-de-semana!

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  4. uma bela história, que faz repensarmos nossas atitudes com o próximo.

    bjs.Sol

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  5. Um prazer esta leitura... Estamos sempre a aprender, não há dúvida.


    L.B.

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  6. São as contradições da vida!
    Bem visto, amigo!

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  7. Interessante a abordagem à flor mal-me-quer, ao seguirmos a tradição de o desfolhar para nosso gáudio nem nos apercebemos que o estamos a condenar, assim que arrancamos a 1ª pétala o destino do pobre mal-me-quer está traçado.

    Que surpresa saber que são 2 irmãos gémeos escondidos na flor, tens um jeitaço para a originalidade eheheheh :))

    Abraço Amigo ^_^

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  8. Amigo....,
    Gostei da história, mas fujo á regra do malmequer, bem-me-quer....adore flores...

    :-) BJS e Bom domingo

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  9. Não me lembro de alguma vez ter ido à procura do amor nas pétalas de um malmequer.... agora sei porquê :-)

    Boa semana
    Jorge

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  10. Tantas vezes acabei com a vida do malmequer, mal eu sabia que o bem-me-quer morria comigo também, quando em vão procurava a resposta que eu sabia de antemão.
    Testamos com flores os amores que sendo verdadeiros, não necessitam de provas.

    Beijos
    Manu

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  11. Oi Rolando
    Bonita percepção da flor que povoou nossos sonhos quando ainda bem jovens - achávamos perfeitos desfolhar a margarida, anciosos pelo bem querer do amado.E o mal-me-quer era a morte mesmo rs jogávamos fora ali pelo chão já desinteressados pela sua sorte.
    Juro que ainda gostaria de ao pegar uma margaridinha dessa cantá-la baixinho rs
    Diria :apenas uma flor Rolando e suas sementes levadas ao vento hão de brotar ...
    Gosto muito quando me leva a outros recantos escondidos da minha alma e posso brincar um pouco.
    abraços abraços te gosto poeta!

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  12. Há tanto de nossas vidas nas pétalas que vez por outra arrancamos de algum jardim!

    Penso que a expiação é um eterno ajuste de contas. Aqui se faz. Aqui se paga.

    Gosto muito da tua escrita. Ela vai sempre muito mais além do que as palavras podem alcançar.

    Beijo, Rolando!
    Inês

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  13. Puxa Rolando, nunca tinha visto as coisas assim, mas tem lógica, faz todo o sentido, esse Malmequer fez uma maldade e pagou por ela, tendo que ouvir o nome do irmão Bem-me-quer sempre que alguém o desfolhava, castigo duro esse, ter que lembrar a toda a hora o mal que fizera e ainda sentir na pele a dor da desfolhagem. Nem um malmequer ciumento e vaidoso merece!!

    Muito..pouco ...ou nada...Bolas!!...vou ter que aprender a nadar mesmo...LOLL...

    Beijokas

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